Categoria: Notícias
Data de publicação: agosto 02, 2023

Entrevista Alexandre Sene - BioJournal

Alexandre de Sene é engenheiro agrônomo, com mestrado e doutorado em entomologia. Entusiasta dos insetos e do controle biológico, atualmente é professor do Centro Universitário Moura Lacerda e professor convidado da Especialização em Manejo de Solos da Esalq/USP e do Mestrado Profissional em Agronegócio da FGV, além de sócio proprietário da Occasio, empresa de consultoria.

Recentemente Sene foi eleito membro da Sigma Xi, The Scientific Research Society, uma sociedade de honra, que foi fundada em 1889 na universidade de Cornell, nos EUA. Essa sociedade o coloca mais perto da revista American Scientist, renomada no mundo, facilitando a divulgação de seu trabalho e dos avanços do controle biológico de pragas e doenças no Brasil.

BioJournal - Fale sobre sua formação e trajetória profissional.

Alexandre - Sou engenheiro agrônomo, formado pela Unesp de Jaboticabal, onde também fiz o mestrado em Entomologia Agrícola. Cursei o doutorado na Esalq/USP, em Entomologia, e em 2000 participei da fundação da empresa Bug Agentes Biológicos, com projetos da Fapesp, que somaram mais de R$ 2 milhões. Tornei-me sócio da empresa em 2010. Em 2000 também comecei minha carreira acadêmica no Centro Universitário Moura Lacerda, ministrando aulas para a Agronomia e Veterinária. Logo depois fui convidado pela Esalq para ministrar aulas para a graduação em agronomia, pós-graduação em Entomologia e especialização em Manejo de Solos. Já em 2012 fui convidado pela FGV para ministrar aulas no Mestrado Profissional em Agronegócio. Em 2009, fundei a Occasio, editora e prestadora de serviços, tendo quase todas as empresas de produtos fitossanitários como clientes, incluindo a Koppert. E em 2012 iniciei minhas atividades como Consultor em Manejo Inteligente de Pragas, onde atualmente atendo 89 usinas pela América Latina, o que corresponde a cerca de 4 milhões de hectares de cana-de-açúcar e culturas anexas, como soja, milho e pastagens. Pela Bug, ganhamos os principais prêmios e reconhecimentos do mundo, como chegar a 33º lugar no ranking das empresas mais inovadoras do mundo, pela revista americana Fast Company, e em 2012, com o prêmio Technology Pioneer, do Fórum Mundial de Economia.

BioJournal - Como surgiu o interesse pela entomologia e pelo controle biológico?

Alexandre – A entomologia está junto de mim desde a infância. No meu diário de bebê há o depoimento de minha mãe indicando que a primeira vez que fixei o olhar em algo foi sobre uma mosca. Passei minha infância criando insetos e demais invertebrados, completando seus ciclos de vida (muitas vezes me queimei com taturanas), escrevendo textos, aprendendo sobre informática e tecnologias e organizando eventos, justamente o que eu viria a fazer em toda a minha vida de adulto. Para escolher o curso de graduação, optei pelos que poderiam me ensinar mais sobre insetos, e a agronomia surgiu soberana. Cursando agronomia, conheci a Entomologia técnica com o Prof. Odair Fernandes e acabei me apaixonando ainda mais por essa ciência, mas foi com o Prof. Santin Gravena que conheci o controle biológico prático, na Unesp, e depois com o Prof. José Roberto P. Parra, na Esalq, aprendi sobre a entomologia experimental, nos critérios mais nobres da ciência.

BioJournal - Como foi a eleição como membro (Full Membership) da Sigma Xi, The Scientific Research Society e qual a sua importância?

Alexandre - Não sei de quem foram as duas indicações para eu ingressar nessa sociedade, mas ela surgiu num momento importante para a minha aproximação com países estrangeiros. É uma sociedade antiga e que tem e teve como membros cientistas renomados, além de possibilitar que diversos jovens possam ingressar no mundo das ciências. Tudo isso me atraiu bastante e, lógico, aceitei a minha nomeação. Fazer parte dessa sociedade abre a possibilidade de publicar na conceituada revista American Scientist, que existe desde 1913, mais um bom motivo para ficar lisonjeado com a eleição.

BioJournal - Como isso deve impactar no seu trabalho como pesquisador e consultor?

Alexandre - Como trabalho com inovação e ideias “fora da caixinha”, essa nomeação me dá mais credibilidade, especialmente no meio científico, pois no meio agrícola a credibilidade é conseguida com resultados práticos das consultorias.

BioJournal - Qual a importância do seu trabalho como consultor em uma empresa como a Koppert?

Alexandre - Acho que as minhas pesquisas, além de constatar a eficácia dos produtos Koppert, já comprovados antes por eles, ajudam a aprimorar e criar funções secundárias tão ou mais importantes que as principais. A Koppert é bastante importante para mim e meu grupo, por proporcionar essa pesquisa toda.

BioJournal - Como você vê a evolução das pesquisas e do uso do manejo biológico de pragas e doenças?

Alexandre - A pesquisa, nesse setor, está galopante. São descobertas quase todas as semanas como novos entendimentos sobre bioinsumos, em geral, novos bioinsumos, e aprimoramentos de uso constantes. O agricultor já tem o controle biológico como estratégia de manejo séria e eficaz e isso tem feito ele tornar a agricultura cada vez mais sustentável e compatível com o ambiente onde vive e trabalha. E o próprio agricultor, hoje, está à frente da ciência, pela primeira vez na nossa história, pois além dele acreditar, está encaixando essas tecnologias no seu manejo e sanando as suas necessidades práticas e operacionais, deixando à ciência o aprimoramento do que ele já está fazendo. É o caso da substituição do nitrogênio de fontes minerais e orgânicas pelo uso de bactérias comerciais, como Azospirillum brasilense, que fixam o nitrogênio atmosférico transformando-o em amônia e depois em nitritos.