Renata Maron é jornalista e comunicadora e atua no agronegócio há 20 anos. Esteve à frente de telejornais durante quase todo esse período, como repórter, editora-chefe e apresentadora no Canal Terra Viva, de onde se desligou recentemente. Em paralelo, Renata desenvolve projetos editoriais em suas redes sociais e atua como mestre de cerimônias e apresentadora do vídeocast BioTalks.
Com carisma e profissionalismo, foi reconhecida esse ano por seus colegas com o prêmio “Os Mais Admirados da Imprensa do Agronegócio.” Na entrevista ela conta os próximos passos de sua carreira e a expansão da parceria com a Koppert.
BioJournal - Quais os principais pontos de sua trajetória profissional?
Renata - Ao longo desses 20 anos de carreira, praticamente 100% agro, eu destacaria as viagens pelo agro brasileiro, as histórias e a simplicidade dos nossos produtores rurais. Eu brinco que é a classe mais resiliente do mundo, que passa por enormes adversidades, mas que não desiste de produzir. A cada safra vem um novo desafio, seja por clima, mercado, políticas nacionais, questões geopolíticas e por aí vai. Também destaco a primeira vez que assumi uma bancada em rede nacional, aos 24 anos. Confesso que não imaginava naquela época o tamanho da minha responsabilidade. Assumi a edição e apresentação do Bom Dia Campo, jornal exibido diariamente às 6h da manhã. O agro ainda me deu inúmeras possibilidades de viagens internacionais e pude vivenciar outros agros globais e muitas vezes traçar um paralelo com a nossa realidade. Fiz documentários do setor na Nova Zelândia para mostrar produção de leite, vinho e ovinocultura. Na França, realizei um especial com um dos cavaleiros mais conhecidos da Europa, que comandava até 16 cavalos apenas com a voz. Também tive a oportunidade de conhecer a maior feira agrícola dos Estados Unidos, a Farm Progress Show. Depois vieram trabalhos como Política Internacional Agrícola, que me fez mergulhar pelo Oriente Médio (região que depende muito do nosso agro brasileiro, como as nossas proteínas, soja, milho, açúcar, entre outros). Até café da Etiópia em uma conexão de voo tive a chance de provar recentemente. A cobertura da maior exposição global - EXPO2020 - nos Emirados Árabes Unidos que reuniu quase 200 países e realizei a cobertura ao longo de 6 meses com 3 jornadas de 15 dias, principalmente com a ida de missões governamentais do agro. Então eu falo que o agro nacional e internacional se tornou uma missão pra mim. Outro marco recente importante foram os convites da ONU. Um deles para conhecer a campanha da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) no combate à PSA (Peste Suína Africana), na sede da entidade, no Chile. Agora em setembro também fui a Arábia Saudita entender mais sobre investimentos verdes com líderes globais.
BioJournal – Como começou a atuar no agronegócio?
Renata - Eu havia entrado no Grupo Bandeirantes de Comunicação, aos 19 anos, no canal de notícias 24 horas, Bandnews. Passado um ano de estágio, já havia esgotado as minhas possibilidades de aprender mais. Então, naquele momento, descobri que o grupo iria lançar um canal 100% dedicado ao agro. Eu tinha duas escolhas: continuar mais um ano no estágio do Bandnews ou enfrentar um novo desafio. Lá fui eu, pedi transferência de emissora sem saber nada do setor. Meu chefe anterior perguntou se eu tinha certeza em deixar o hardnews, que era grande chance. Eu respondi que sim, precisava me desafiar. Eu não entendia nada de agro, mas sempre fui muito boa ouvinte, curiosa e desbravadora. Foi então que tudo começou. Foi bem desafiador no início, mas o sonho de crescer na área sempre falou mais alto. Eu ainda estagiária, como queria muito ir para reportagem, lembro que por muito tempo trabalhava de 12 a 14 horas, fazia produção de manhã e acompanhava os repórteres à tarde. A noite ia para faculdade. Foi como uma escada mesmo, do estágio, fui para a produção, depois para reportagem e então como âncora de telejornal.
BioJournal – Quais os principais desafios e oportunidades que encontrou ao longo de sua carreira?
Renata - Eu falo que os maiores desafios me trouxeram as melhores oportunidades. Primeiro pela minha dificuldade em dizer não. De alguma maneira, as matérias que nenhum repórter queria cobrir, eu pegava. Transformava aquilo em narrativa e o público gostava do jeito, se identificava. Na bancada também eu soube que eu não poderia deixar de ser eu, não poderia perder a autenticidade, pois sempre foi essa característica minha que foi me abrindo espaço no mercado. Então se eu me emocionasse com uma história, por que iria me segurar? Se eu tivesse vontade de rir, por que não faria? Sempre fui eu mesma, com uma questão também que coloco muito em relevância: muito estudo constante. O agro é uma eterna transformação e a gente tem que acompanhar esse ritmo. Tive chefes e gerentes maravilhosos, outros nem tanto. Uma fase bem difícil, foi o retorno da maternidade, quando um gerente de jornalismo na época de amamentação da minha filha, me cobrava jornadas intensas de cobertura. Então, nem tudo são flores, mas foram lições e aprendizados que hoje eu olho pra trás e penso: venci essa fase. Uma grande oportunidade foi a minha primeira ida ao Oriente Médio, na Arábia Saudita, para acompanhar a missão governamental onde o agro estava em pauta. O ano era 2019, o país não recebia estrangeiros, era completamente fechado. Mas foi uma virada de página na minha carreira. Pouquíssimas jornalistas mulheres estrangeiras tendo a chance de cobrir aquele evento e eu estava lá a convite de ambos governos. Fui destemida também e aberta para contar e me desafiar na política internacional agrícola.
BioJournal - Fale sobre o prêmio “Os jornalistas mais admirados do agro 2023”.
Renata - Brinco que não trabalhamos para receber prêmios, porém eles acabam sendo um reconhecimento de trajetória. Foi um presentão na verdade. Naquela semana, eu havia acabado de chegar da sede da FAO e não iria à premiação. Porque tinha passado 5 dias a trabalho no Chile e o que mais queria era voltar para casa e ficar com a minha família. A tarde estava com minha filha em casa e depois meu marido chegou e falei, acho que não vou, estou cansada, vou ficar aqui com vocês. Ele me disse, vai sim, se arruma e vai. Então olhei pra minha filha e falei: a mamãe vai em uma premiação e volta bem a noite. Ela me disse: sério, você vai ganhar um troféu? Eu respondi: filha, a mamãe vai ganhar um reconhecimento (já era excelente estar entre os 30 mais reconhecidos do país em uma votação recorde com milhares de indicações). Mas então pensei a caminho do evento, com uma hora de atraso. O que eu vou fazer se não ganhar o troféu, será que terá um lugar aberto para comprar e deixar na cama dela ao lado quando