Categoria: Notícias
Data de publicação: abril 22, 2019

Controle Biológico na visão dos parceiros Koppert

Entrevista com Luís Henrique Vígolo, coordenador de produção do Grupo Bom Jesus

Reconhecido pelo uso de manejo sustentável na produção de sementes de alta qualidade, o Grupo Bom Jesus adota desde 2014, em parceria com a Koppert do Brasil, o Controle Biológico como uma de suas ferramentas no combate às pragas agrícolas, visando reduzir o uso de defensivos químicos sem que isto gere impacto negativo nos custos e na produção.

Hoje, o foco principal do Grupo Bom Jesus em produtos biológicos é ainda no controle de mosca-branca e doenças de solo, mas já está desenvolvendo trabalhos para controle de lepidópteros, seja em ovos com macrobiológicos (parasitoides), seja em fase larval com vírus. Para a safra 2018/2019 há um grande projeto visando o controle de percevejos com macrobiológicos.

Todo este trabalho exigiu da equipe de campo muito aprendizado, treinamento e dedicação, pois houve uma mudança completando direcionamento do monitoramento, visando o manejo do agroecossistema. Com isso, o Grupo Bom Jesus conseguiu obter custos até 30% mais baixos e ganhos em produtividade, aliando o controle biológico ao Manejo Integrado de Pragas (MIP).

O engenheiro agrônomo Luís Henrique Vígolo, coordenador de produção do Bom Jesus, foi o responsável pela adoção e implementação do Controle Biológico nas lavouras do Grupo, que possui atividades agrícolas em 19 municípios no Mato Grosso, Bahia e Piauí. Vígolo foi agraciado em junho deste ano com o Prêmio Parceiros da Natureza 2018, conferido pela Koppert por seu trabalho como entusiasta do Controle Biológico.

Biojournal – Como você recebeu a notícia da premiação? Como vocês chegaram até a empresa?

Vígolo - Fiquei lisonjeado com o prêmio. Eu não esperava. Já me considero um parceiro da Koppert há um tempo, porque sempre falo para todo mundo que não foram eles que nos acharam; nós é que os achamos. Tínhamos uma demanda de produtos e eles tinham os que atendiam a nossa necessidade. Fomos atrás e eles nos atenderam prontamente. Firmamos uma parceria. Em todo lugar aonde vamos sempre demonstramos essa relação. Fiquei muito feliz em receber o prêmio. Tanto eu como toda minha equipe nos esforçamos muito para chegar aonde chegamos, no nível de avanço que temos hoje dentro do uso de Controle Biológico e Manejo Integrado de Pragas.

Encaramos isso de uma forma muito positiva. Para o Grupo Bom Jesus é um diferencial.

Biojournal – Como você se tornou um entusiasta do Controle Biológico?

Vígolo - Controle Biológico é uma ferramenta muito antiga já. A tecnologia hoje veio para nos auxiliar a desenvolvermos produtos cada vez melhores, que caibam dentro da realidade do produtor. Não é uma ‘invenção da roda’ a agricultura poder usar Controle Biológico. É apenas pegarmos conhecimento e aplicar no campo. A agricultura é uma ciência multidisciplinar e a Ecologia aplicada à agricultura está dentro disso. Quando se estudam esses conceitos e se sabe aplicá-los, usar Controle Biológico se torna fácil, pois o mesmo sempre ocorre na natureza. Mas existem muitas barreiras ideológicas. Por exemplo, o Brasil é um país tropical, de agricultura tropical, tem a ponte verde, são muitas pragas e elas são polífagas. Isso é uma realidade e serve de desculpa para dificultar a adoção do MIP e do Controle Biológico, mas em contrapartida, o que a maioria não entende, ou não vê, é que também temos grande diversidade de insetos benéficos e microorganismos ocorrendo no agroecossistema, que predam aquelas pragas. O primeiro passo para construir um MIP bacana é saber entender a Ecologia aplicada à agricultura e deixar de utilizar produtos que tenham modo de ação de amplo espectro, de choque. Quando temos produtos que atuam direto no sistema nervoso dos insetos e eles não são seletivos, quando ocorre a aplicaçãose está matando tudo, tanto o que é bom quanto o que é ruim. Quando se passa a trabalhar com produtos que só agem por ingestão, produtos seletivos, os químicos eu estou dizendo, aí você passa a só eliminar a praga. Esses produtos têm, geralmente, um efeito de controle de no máximo 80 a 90%. O que sobra dessa aplicação, aqueles insetos benéficos que estão no ambiente e não morreram, fazem o resto do serviço. Foi assim que teve início o trabalho e depois começamos a inserir o Controle Biológico. Isso cria uma escadinha ao longo do tempo, colonizando a área com insetos benéficos, criando um ecossistema. Se todo mundo partir deste tipo de princípio a agricultura brasileira dará um salto de qualidade porque isso é muito possível de acontecer. Da mesma maneira que a gente tem uma grande diversidade de plantas, de espécies de insetos que são pragas na natureza, e que atacam as lavouras, a gente também tem uma infinidade muito maior de insetos que são benéficos, que são parasitas, parasitoides que são predadores e basta você dar o espaço.

Biojournal – Vocês conseguem atingir que patamar de eficiência com os produtos biológicos?

Vígolo - Hoje nenhum produto pode ser registrado com menos de 80 a 85% de controle, tanto biológico quanto químico, e isso vemos no campo. Muitas vezes até mais. Para efeito de bula esse é o número que é apresentado, mas é claro que a gente vê eficiência de 90% na maioria das ve