Por: Renata Maron
"O trabalho da Koppert tem como base os ácaros predadores, e isso remonta a 1967", conta Marina Ferraz de Camargo Barbosa, bióloga e pesquisadora da empresa holandesa.
Na época, Jan Koppert e vizinhos produtores de pepino enfrentavam dificuldades para controlar o ácaro-rajado, notório por desenvolver resistência rapidamente.
Durante uma ausência devido a problemas de saúde, Jan Koppert retornou às plantações da cultura e encontrou uma área limpa e saudável. "Ele notou uma espécie de ácaro vermelho e, ao investigar mais, descobriu o Phytoseiulus, um ácaro predador que mantinha o ácaro-rajado sob controle", explica Marina.
Desde então, o Phytoseiulus passou a ser produzido e comercializado pela Koppert, tornando os ácaros-predadores a base de seu negócio bem-sucedido.
"Hoje, o Brasil é líder mundial em acarologia, com uma comunidade científica robusta e atuante", afirma Antonio Carlos Lofego, biólogo e professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho).
Para viabilizar o uso dos ácaros predadores em larga escala, os resultados da academia precisam ser traduzidos em práticas aplicáveis. "Existem centenas de espécies nativas ainda por descobrir e potencialmente úteis no controle biológico", aponta Marina, destacando o papel dos pesquisadores em explorar essa diversidade.
Através da apresentação em congressos e da divulgação do trabalho, o mundo acadêmico busca trazer a ciência dos ácaros para o campo, contribuindo para a redução do uso de defensivos químicos e promovendo uma agricultura mais sustentável. "Quanto mais conhecermos essas espécies nativas, maior será o potencial para seu uso em benefício do meio ambiente e da sociedade", conclui Marina.