O Desafio do P&D: Aproveitando Soluções da Natureza para Inovação Agrícola
Por: Renata Maron
"O desafio do P&D é aproveitar o que a natureza já disponibilizou para nós".
Foi assim que o gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Koppert, Thiago Castro, abriu nossa conversa durante as edições especiais do Koppert Biotalks, gravadas ao longo do Congresso Brasileiro de Entomologia.
“Transformar aquilo que encontramos na natureza em algo que a gente consiga aplicar no campo, com conhecimento científico, embasando o desenvolvimento de um novo produto, é um dos desafios que precisam ser superados. Estamos procurando justamente soluções e alguns inimigos naturais que possam ser produzidos em larga escala, o que é um grande desafio”, disse Thiago.
Compreender a diversidade e utilizá-la em nosso favor é fundamental. A próxima etapa é levar os organismos para o laboratório para entendê-los melhor e tentar fazer com que eles trabalhem de acordo com o resultado esperado.
“O que a gente faz é trazer essa inovação que está no campo para dentro de casa e entender o que estamos desenvolvendo e trabalhando. Conseguir incluir o que estamos desenvolvendo dentro de uma parte regulatória”, explicou o gerente.
A parte regulatória do processo é complexa e demorada, mas o Brasil está superando este desafio, uma vez que os ministérios trabalham para acelerar os prazos e oferecer mais opções para os agricultores. "Após a fase regulatória, lançamos o produto", afirmou Thiago.
Explorar a diversidade natural para a criação de produtos biológicos é uma das principais estratégias para enfrentar os desafios da agricultura moderna.
“Dentro dessa diversidade, a gente vê qual organismo tem a capacidade para se tornar um produto biológico. Então, a gente busca por essas espécies, traz para o laboratório e analisa como é o processo de criação dela. Estuda todos os fatores, qual é a melhor temperatura, qual é a melhor umidade para trabalhar e se existe algum hospedeiro. Tem espécies que só se desenvolvem em hospedeiros naturais e quando a gente fala de escala comercial, a gente precisa conseguir reproduzir isso. E as vezes a gente não consegue. Este é o desafio”, disse a coordenadora de macrobiológicos da companhia, Jaci Vieira.
É preciso encontrar também os melhores processos produtivos para os microrganismos.
“Precisa entender a biologia do microrganismo que nós estamos trabalhando: se é um fungo, se é uma bactéria, se é um vírus, como ele se adapta e qual é o melhor meio de cultura que eu vou usar pra ele. Além disso, entender qual é a proporção de carbono, de nitrogênio que eu vou colocar no meio, se precisa de uma vitamina a mais, oxigenação, luminosidade e tempo de desenvolvimento. Tudo isso tem que ser adaptado de espécie para espécie”, afirmou a coordenadora de microbiológicos da Koppert, Isabela Gotti.
Desenvolver tecnologias inovadoras combinando engenharia e biologia é outro aspecto crítico neste processo.
"Sabemos que sem automação, engenharia e biologia, juntar essas coisas e transformá-las em uma nova tecnologia é um desafio. Todas as máquinas desenvolvidas na Koppert foram feitas internamente, então, não há nada pronto no mercado para comprarmos. Adaptamos muitos aspectos dos setores alimentício, de saúde e farmacêutico. Juntar biologia dentro dessa engenharia é o verdadeiro desafio", concluiu Tiago.
Os especialistas ressaltam que, apesar dos inúmeros processos enfrentados na integração de conhecimentos, a agricultura moderna depende cada vez mais de soluções inovadoras para garantir a sustentabilidade e a segurança alimentar em todo o mundo. O P&D continua sendo fundamental na busca pela utilização de organismos naturais para o desenvolvimento de produtos biológicos que possam contribuir para o equilíbrio ecológico e para a produção de alimentos.