Por Renata Maron:
“Não existe bala de prata, com uma solução a gente não vai conseguir controlar o greening. Vai ser uma junção de ferramentas para a gente conseguir debelar o greening. Todas as culturas que dependeram de uma ferramenta só, e na maioria das vezes o químico, falharam.”
Assim afirmou o professor em entomologia e acarologia da Esalq/USP, Pedro Yamamoto, durante a nossa conversa no 33º episódio do Koppert Biotalks.
Recentemente, o Fundecitrus anunciou uma produção de laranja na temporada 2024/2025 de 232,38 milhões de caixas de 40,8 quilos, queda de quase 25%.
Dois fatores puxam essa estimativa para baixo: incidência de greening e adversidade climática.
Apesar dessa queda expressiva safra após safra, o especialista destaca a manutenção da citricultura.
“Mesmo com todo o advento do greening no estado de São Paulo, nós estamos conseguindo manter a produção, aumentando a produtividade. Mas uma hora, se a gente não conseguir reverter, vamos ter os reflexos. Não esperamos chegar onde esteve a Flórida, mas há a perspectiva de estar lá um dia. Então, tudo o que fizermos hoje terá reflexo no futuro e teremos que melhorar muito o manejo dessa doença”, destacou Pedro Yamamoto.
Outra especialista que recebemos neste episódio foi Jade Bortoletto, que faz parte da equipe de desenvolvimento de mercado de citros da Koppert.
“Hoje a gente tem um sistema integrado que trabalha desde o solo até a parte aérea, considerando fases em que os químicos muitas vezes não têm tanta ação.”
A cultura passou por muitas mudanças ao longo das décadas.
“No passado, o manejo dos citros era mais simples porque tínhamos basicamente ácaros que atacavam a cultura, causavam certos danos, mas eram muito insignificantes”, disse o professor.
A incidência do CVC e, posteriormente, o greening na citricultura acarretaram no aumento do uso de inseticidas.
“Hoje usamos inseticidas em excesso. Isso veio piorando os problemas fitossanitários e diminuindo a área plantada”, relatou Yamamoto.
Um caminho para o combate da principal dor de cabeça dos citricultores pode vir através de uma planta resistente.
“Eu creio que a solução definitiva venha com uma planta resistente. Então, o Fundecitrus, as universidades brasileiras e de outros países estão estudando isso. Vendo se encontram, transformam, fazem uma engenharia genética para conseguir uma planta resistente”, destacou o professor.
O caminho que vem sendo adotado e percebido nos pomares é o aumento do uso de manejo integrado e controle biológico.
“Hoje o nosso trabalho se baseia não apenas na integração de ferramentas, mas pensando no sistema como um todo. Em se tratando de uma cultura perene, é muito importante que a gente olhe todos os lados. Hoje, pensando no sistema integrado Koppert, a gente trabalha desde o solo até a parte aérea, considerando fases em que os químicos muitas vezes não têm tanta ação, quando a gente pensa, por exemplo, na utilização de macrobiológicos. Também os fungos entomopatogênicos trabalham onde a gente não pensa em uma praga em específico”, afirmou Jade.
Equilíbrio no sistema é o que ambos os especialistas ressaltaram.
“Nós temos que voltar a produzir de maneira mais sustentável como fazíamos no passado. Era uma cultura altamente estável, equilibrada e sustentável”, disse Yamamoto.
“O biológico é pensado a longo prazo. Eu enxergo realmente como estabelecer o equilíbrio do sistema”, afirmou Jade.