Categoria: Notícias
Data de publicação: março 31, 2020

O controle biológico é essencial para o MIP

Entrevista: Prof. Dr. Maurício Batistella Pasini

Consultor e pesquisador de entomologia na Universidade de Cruz Alta (RS), Maurício Batistella Pasini destaca a importância do controle biológico para o Manejo Integrado de Pragas e Doenças e quais os resultados da prática na rentabilidade do agricultor e no equilíbrio do ecossistema.

BioJournal - Qual o princípio do manejo integrado de pragas e doenças?

Pasini - O MIP (manejo integrado de pragas e doenças) reúne vários conceitos com o objetivo de manter a população de insetos-pragas e doenças sempre abaixo do nível de dano econômico. Envolve uma série de fundamentos e não trata somente de estratégias de controle, mas também sociais e econômicas.

O foco deve estar no organismo a ser controlado, porque por meio do seu conhecimento e monitoramento, são traçadas as melhores estratégias para manter a população sempre abaixo do nível de dano econômico, sempre mantendo a sustentabilidade do sistema.

BioJournal - Como o MIP é feito na prática?

Pasini - Atualmente, na prática, tem que se resgatar um pouco o conceito do MIP, pois as estratégias

de manejo de insetos, principalmente, estão mais atreladas à nível de lavoura, do agricultor, e pouco na esfera governamental, com regulamentação e fiscalização. Se deixa muito para o agricultor executar essas atividades. Algumas instituições ainda preconizam questões básicas de monitoramento de organismos nocivos, mas, na maioria das vezes é feito ainda de maneira superficial.

Além disso, um conceito básico do MIP, que seria conhecer melhor os organismos nocivos, está sendo deixado de lado. Estão colocando todos os organismos num bolo só, deixando de respeitar as particularidades. Além disso, para cada organismo benéfico que se vai introduzir na lavoura, tem sempre um momento ótimo, mas muitas vezes esse momento é desrespeitado.

BioJournal – Quais os resultados efetivos na rentabilidade das lavouras?

Pasini - O MIP mostra resultado na rentabilidade do sistema, principalmente, no caso de grãos. Muitas vezes pode alcançar também tetos produtivos, mas exigindo muito do seu sistema. Utilizando o MIP, força-se menos o sistema, que se submete a uma menor seleção e automaticamente garante uma maior rentabilidade das lavouras.

Quando se executa uma série de conceitos com o objetivo de conhecer melhor as populações de insetos praga e o seu comportamento em determinada região, passa-se a ter maior conhecimento para balizar as estratégias de controle fitossanitário.

Conhecendo os organismos, a população, a dinâmica populacional e a variabilidade espacial e temporal e a interação que eles têm com as diversas culturas, pode-se estabelecer estratégias de manejo contundentes, balizadas no monitoramento de uma área de cultivo, fazendo com que esse MIP seja lucrativo e rentável.

BioJournal – Qual o papel do controle biológico no MIP?

Pasini - No meu conceito o manejo biológico vem para agregar ao MIP, para somar. O Brasil tem um dos cases mais efetivos que é o histórico do baculovírus anticarsia, temos experiência em manejo biológico.

Com o controle biológico, passa-se a ter mais ferramentas para manejar e eliminar principalmente insetos de difícil controle.

BioJournal - Qual a importância do controle biológico para a produtividade aliada ao menor impacto ao ecossistema?

Pasini - A agricultura passa por um processo de esterilização do solo. Nota-se que há uma carga efetiva e alta de fungicidas e inseticidas sendo aplicada e como isso se perdem os organismos benéficos. Por outro lado, a Agricultura está evoluindo muito, com rotação de culturas, utilização das premissas do plantio direto, e tantos outros. Os agricultores que têm maior produtividade e lucratividade estão fazendo uso dessas práticas e conceitos que resgatam um pouco a atividade biológica dos ecossistemas. As ferramentas biológicas vêm para agregar e deixar mais sustentável.

Muito têm preconceitos com o controle biológico, mas muitos buscam ferramentas efetivas de controle.

É uma questão de convencimento para que possam se sentir confortáveis e confiantes na utilização dos biodefensivos.

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